terça-feira, 11 de junho de 2013

LOUCURAS...

Loucura é a gente pensar que tudo tem que ser como a gente acha que deve ser, loucura é a gente acreditar que as dificuldades são eternas, que os monstros que vivem embaixo das nossas camas são reais...
Loucura é a gente achar que a pessoa que está ao nosso lado não dá o seu melhor para estar ali, loucura é acordar todos os dias reclamando da sua rotina, sem fazer nada para que isso mude.
Loucura é sair agredindo verbalmente tantas pessoas e tantas coisas por achar que só nós temos razão e só nosso ponto de vista é válido, é loucura também ignorar todas as rosas, porque o espinho de uma te machucou.
Loucura é sair gritando aos quatro ventos que não é feliz, sendo que todos os dias você tem o milagre da vida acontecendo com você e ao seu redor, a oportunidade única de poder mudar algo, todos os dias, que não deu certo ontem...
Loucura é trabalhar a mente em coisas negativas, machucar pessoas com palavras e atos... Loucura é tentar se jogar de um penhasco, só porque houve alterações no seu humor...
Ser louco realmente é outra coisa...
É agradecer a Deus todos os dias por ter aberto os olhos, por ter um emprego, por ter família, por ter chegado aonde chegou, por ter vivido o que viveu, por ter errado e concertado, se machucado e aprendido...
Ser louco é se jogar nos braços da pessoa amada, sem pensar no depois, aproveitar cada segundo que vier, para que nada saia em vão, nada seja meramente ilustrativo...
Ser louco é beijar o pai, beijar a mãe, tratá-los com respeito e com carinho... dedicar um pouco de tempo e de vida à quem um dia dedicou um pouco do tempo para cuidar de você...
Ser louco é viver sem pensar no que outros vão achar, viver, viver e ser livre, como diria a letra de uma música do Charlie Brown...
Ser louco é partir do pressuposto de que todos nós temos problemas, mas que cabe a cada um de nós sabermos por quais lutar, por quais sofrer e quais abandonar...
Ser louco é ter a independência e a liberdade de poder ser quem realmente nascemos pra ser...
Ser louco é NÃO SER NORMAL, fugir dos esteriótipos que preenchem as lacunas da nossa vida social, viver como deve ser vivido... ser autêntico... ser menos previsível, talvez...

LOUCOS, PORÉM FELIZES...

domingo, 9 de junho de 2013

MEMÓRIAS DA EMÍLIA - Monteiro Lobato

Tanto Emília falava em "Minhas Memórias" que uma vez Dona Benta perguntou:
- Mas, afinal de contas, bobinha, que é que você entende por memórias?
- Memórias são a história da vida da gente, com tudo que acontece desde o dia do nascimento até o dia da morte.
- Nesse caso - caçoou Dona Benta - uma pessoa só pode escrever memórias depois que morre...
- Espere - disse Emília - O escrevedor de memórias vai escrevendo, até sentir que o dia da morte vem vindo. Então pára; deixa o finalzinho sem acabar. Morre, sossegado.
- E as suas memórias vão ser assim?
- Não, porque não pretendo morrer. Finjo que morro, só. As últimas palavras têm de ser estas: " E então morri..." com reticências. Mas é peta. Escrevo isso, pisco o olho e sumo atrás do armário para que Narizinho fique mesmo pensando que morri. Será a única mentira das minhas Memórias. Tudo mais verdade pura, da dura - ali na barata, como diz Pedrinho.
Dona Benta sorriu.
- Verdade, pura! Nada mais difícil do que a verdade, Emília.
- Bem sei - disse a boneca - Bem sei que tudo na vida não passa de mentiras, e sei também que é nas memórias que os homens mentem, mas quem escreve memórias arruma as coisas de jeito que o leitor fique fazendo uma alta ideia do escrevedor. Mas para isso ele não pode dizer a verdade, porque então o leitor fica vendo que era um homem igual aos outros. Logo, tem de mentir com muita manha, para dar ideia de que está falando a verdade pura.
Dona Benta espantou-se de que uma simples bonequinha de pano andasse com ideias tão filosóficas.
- Acho graça disso de você falar de verdade e mentira como se realmente soubesse o que é uma coisa e outra. Até Jesus Cristo não teve ânimo de dizer o que era verdade. Quando Pôncio Pilatos lhe perguntou " Que é verdade?" ele, que era Cristo, achou melhor calar-se. Não deu resposta.
- Pois eu sei! - gritou Emília - Verdade é uma espécie de mentira bem pregada, das que ninguém desconfia. Só isso.
Dona Benta calou-se a refletir naquela definição, e Emília, no maior assanhamento, correu em busca do Visconde de Sabugosa. Como não gostasse de escrever com a sua mãozinha, quera escrever com a mão do Visconde.